Maior conserveira nacional está a ganhar clientes no mercado nacional e avança com dois novos produtos em 2016 para somar à lista de 45 referência que produz.
“Para se fazer uma boa conserva tem de se comprar um bom peixe e isso é logo meio caminho andado”. A afirmação é de Fernando Machado que está na Ramirez há 46 anos. Hoje é gerente da maior conserveira nacional e senta-se no conselho de administração mas não abdica da proximidade a todos os funcionários, outro dos ingredientes para se fazer uma boa conserva.
“As pessoas não se devem considerar diferentes umas das outras apesar de cada uma ter a sua responsabilidade. A parte produtiva tem sempre que ser considerada porque o que nós facturamos são latas de conserva” diz o gerente.
Foi este espírito de equipa que ajudou a passar aos colaboradores da empresa ao longo de décadas. Gerações e gerações de funcionários sempre dispostos a vestir a bata.
É caso de Ludovina Coelho. Começou a trabalhar na Ramirez com 14 anos, no armazém a “apanhar a lata”. Actualmente, é responsável de produção. Trabalha com um sorriso na cara e recorda que o nascimento da filha, Mónica Borges, quase acontecia na fábrica. Hoje a filha é preparadora de conservas de peixes e foi uma das muitas crianças que usufruiu da creche que existe na empresa. E não é porque a conserveira mudou de instalações – para a nova fábrica em forma de uma lata de conserva na Maia – que as condições dos trabalhadores melhoraram. Sempre foi assim desde a constituição da Ramirez.
Um projecto com 162 anos que começou com um agricultor espanhol que resolveu navegar para águas algarvias e instalar-se em Vila Real de Santo António depois de perceber que havia abundância de atum direito na região.
“Temos cinco gerações. Somos, juntamente com um concorrente francês que ainda está no mercado, a conserveira mais antiga do mundo” diz Manuel Teixeira Marques Ramirez, administrador e a quinta geração a trabalhar na empresa.
Desde do trisavô progressista que o projecto nunca mais parou. A marca fecha 2015 com chave de ouro já que este foi o ano da concretização de um sonho: juntar num único espaço todo o complexo fabril.
Para os cerca de 195 colaboradores a mudança não foi fácil mas tal como Ludovina Coelho reconhecem as vantagens. As condições são melhores concretamente nas áreas de trabalho como é o caso da descongelação. “Andávamos um pouco em cima umas das outras”, recorda a responsável de produção.
Este ano a Ramirez deixou em definitivo as unidades de Leça da Palmeira, fundada em 1945, e de Peniche que data dos anos 60.
A nova fábrica tem capacidade para trabalhar cerca de oito mil toneladas de peixe por ano.
A tecnologia aliada ao sector conserveiro também é um factor determinante para a competitividade.
“Temos muito conhecimento sobre o que é uma conserva mas faltava-nos muito conhecimento a nível de novas tecnologias.
Fizemos algumas parcerias com empresas de gente jovem e com eles, e alguns funcionários, conseguimos ter inovação e desenvolvimento ao nível das grandes indústrias”, refere Paulo Machado, filho de Fernando Machado.
Nunca tinha trabalhado no sector mas Manuel Ramirez o actual presidente acreditou nele. O director de produção recorda a evolução de que foi também protagonista na Ramirez ao longo dos últimos 11 anos.
Hoje a empresa está em cerca de 40 países. Na Bélgica, por exemplo, a sardinha portuguesa em lata lidera o mercado desde o início do século passado com a marca Cocagne. Mas Ramirez, que até pode parecer espanhola pelo nome, é 100% portuguesa e reconhecida em muito mais destinos, fazendo questão de vincar a sua nacionalidade através dos seus parceiros/fornecedores. “Falamos muito das sardinhas mas a indústria das conservas incorpora uma série de outros componentes comprados em Portugal, muito importantes para a economia nacional”, refere Paulo Machado.
E os números falam por si. Este ano, a empresa quer facturar 29 milhões de euros mais 6% face a 2014. O EBITDA deve chegar aos 2,5 milhões, 5% acima do ano passado o que levará a um resultado líquido de 1,2 milhões de euros superior em 3% ao homólogo.
Mais de século e meio de existência não poderiam ser contados sem os riscos – mas sempre com elevado controlo de qualidade – das apostas de nicho como o ananás ou as ervilhas, em lata claro!
E como o ditado diz que “parar é morrer” no próximo ano surgirão dois novos produtos que acrescem ao portfólio de 45 referência que existem na Ramirez.
Fonte: Económico
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