Os bancos mutualistas e cooperativos desempenham um papel relevante na arquitectura do sistema financeiro europeu, competindo no mercado com entidades públicas e privadas.
Em países como Áustria, França ou Holanda, os bancos mutualistas e cooperativos – dependentes de uma comunidade ou conjunto alargado de associados – representam mais de 25% dos activos do sistema bancário.
Na base do crescimento destes operadores, encontra-se a sua presença geográfica granular e um modelo de relacionamento bancário de proximidade e diferenciado. Adicionalmente, o conceito de “propriedade partilhada” traduz-se em níveis elevados de reputação e confiança, conferindo uma maior facilidade de captação de recursos.
Apesar de assinalarem vantagens directamente associadas ao modelo de negócio e propriedade destes bancos, os reguladores europeus têm promovido alterações legislativas importantes, direccionadas à sua transformação. São identificados três grandes eixos de transformação:
1) Segregação do negócio bancário
Separação da actividade bancária de outras actividades ligadas à realidade mutualista ou cooperativa, pela criação de unidades de negócio autónomas e imposição de limitações ao nível das operações intra-grupo e partilha de clientes (“ring-fencing”).
2) Evolução para sociedades anónimas
Transformação da forma jurídica dos bancos em sociedades anónimas – capital social dividido em acções – com vista ao aumento da flexibilidade da sua estrutura de capital (e.g. facilitação da entrada de investidores; diversificação de fontes de financiamento; agilização de processos de alteração de controlo).
3) Reforço do modelo de “governance”
A evolução do nível de exigência regulatória (e.g. supervisão prudencial reforçada) e eventual entrada de novos capitais (com objectivos de reforço da solidez) torna necessário uma maior independência e profissionalização da gestão de topo.
Adicionalmente, o sector financeiro enfrenta um conjunto de desafios com origem na entrada de novos “players”, aumento de custos operacionais e de capital (via regulação) e necessidade de investimento na digitalização do negócio, que tornam ainda mais prioritária e urgente a transformação dos bancos mutualistas e cooperativos na Europa.
Na visão da Roland Berger, os bancos cooperativos e mutualistas em Portugal poderão evoluir o seu posicionamento estratégico, mantendo a ligação às comunidades como um pilar fundamental da sua sustentabilidade, mantendo-se como operadores controlados por capitais 100% nacionais.
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